Revista
Ciencias de la Actividad Física UCM. N° 20(1) enero-junio 2019,
ISSN:0719-4013
Comparação do perfil antropométrico e aptidão
física de atletas de basquetebol de diferentes posições Comparación del perfil antropométrico y la aptitud física
de los atletas de baloncesto de diferentes posiciones
* Bruno Lucas Pinheiro Lima, ** Mario Nilton Leopoldo Junior, ** Tadeu Leonardo Ribeiro dos Santos, * Jurandir Baptista da Silva, * Rodolfo de Alkmim Moreira Nunes, * Rodrigo Gomes de Souza Vale, * Juliana Brandão Pinto de Castro, * Vicente Pinheiro Lima
Lima, B., Leopoldo Júnior, M., Santos, T., Silva, J., Nunes, R., Vale, R.,
Castro, J., Lima, V. (2019). Comparação do perfil antropométrico e aptidão
física de atletas de basquetebol de diferentes posições. Revista Ciencias
de la Actividad Física UCM, N° 20(1), enero-junio, 1-12. DOI: http://doi.org/10.29035/rcaf.20.1.6
Introdução: As variadas posições do basquetebol requerem do atleta
diferentes capacidades e características físicas para o desempenho de
distintas funções em quadra. Objetivo: Comparar o perfil antropométrico e aptidão física de
atletas federados em basquetebol da categoria sub-17 de diferentes posições. Métodos: A amostra foi composta por 16 atletas do sexo masculino
(16,67 ± 0,48 anos de idade), incluindo armadores, alas e pivôs. Para análise
do perfil antropométrico, foram verificadas a massa corporal, estatura e
índice de massa corporal dos atletas. Foram aplicados quatro testes para
análise da aptidão física: teste de resistência abdominal, teste de força de
membro superior, salto vertical e teste de agilidade. Resultados: Os resultados do presente estudo apresentaram diferenças
significativas entre os valores de estatura dos armadores e pivôs, sendo as
maiores diferenças para os pivôs (p = 0,01). Os alas apresentaram maior
desempenho no teste de resistência abdominal em relação aos pivôs (p= 0,048).
Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos nos testes de
agilidade, de força de membro superior e de impulsão vertical. Conclusão: O presente estudo mostrou que o perfil antropométrico e a
aptidão física de atletas de basquetebol na categoria sub-17 diferem pela
posição do jogador. Especificamente, os pivôs apresentaram maior estatura,
enquanto os alas demonstraram maior resistência abdominal quando comparados
às outras duas posições.
Introducción: Las variadas posiciones del baloncesto requieren del
atleta diferentes capacidades y características físicas para el desempeño de
distintas funciones en la cancha. Objetivo: Comparar el perfil antropométrico y aptitud física de
atletas federados en baloncesto de la categoría sub-17 de diferentes
posiciones. Métodos: La muestra fue compuesta por 16 atletas del sexo
masculino (16,67 ± 0,48 años de edad), incluyendo armadores, alas y pivotes.
Para el análisis del perfil antropométrico, se verificaron la masa corporal,
la estatura y el índice de masa corporal de los atletas. Se aplicaron cuatro
pruebas para el análisis de la aptitud física: prueba de resistencia
abdominal, prueba de fuerza de miembro superior, salto vertical y prueba de
agilidad. Resultados: Los resultados del presente estudio presentaron diferencias
significativas entre los valores de estatura de los armadores y pivotes,
siendo las mayores diferencias para los pivotes (p= 0,01). Las alas
presentaron mayor desempeño en la prueba de resistencia abdominal en relación
a los pivotes (p = 0,048). No se encontraron diferencias significativas entre
los grupos en las pruebas de agilidad, de fuerza de miembro superior y de
impulsión vertical. Conclusión: El presente estudio mostró que el perfil antropométrico y
la aptitud física de los atletas de baloncesto en la categoría sub-17
difieren por la posición del jugador. En concreto, los pivotes presentaron
mayor estatura, mientras que las alas demostraron mayor resistencia abdominal
comparadas a las otras dos posiciones.
Methods: The sample was composed of 16 male athletes (16.67 ± 0.48
years old), including point guards, small forwards, and centers. For analysis
of the anthropometric profile, we measured body mass, height and body mass
index of the athletes. Four tests were applied to analyze physical fitness:
the abdominal endurance test, upper limb strength test, Sargent jump test,
and agility test. Results: The results of the present study showed significant
differences in height values between point guards and centers, with the
largest differences for centers (p = 0.01). The abdominal endurance test
showed higher performance in small forwards when compared with centers (p =
0.048). No significant differences were found between the groups in the tests
of agility, upper limb Strength or Sargent jump test. Conclusion: The current study showed that the anthropometric profile
and physical fitness of basketball athletes in the under-17 category differ
among player position. Specifically, the centers had higher height, whereas
the small forwards were characterized by greater abdominal strength when
compared to the other two positions.
A prática esportiva para o público jovem é altamente
difundida e recomendada para a promoção de saúde e bem-estar dos indivíduos,
relacionando questões intelectuais, sociais, físicas e emocionais (Fédération Internationale de
Médecine Sportive, 1997). A partir dos seis anos de idade, começam a
surgir as primeiras preferências da criança relacionada a alguma prática
esportiva, que pode ser influenciada por vivências ao longo dos anos e também
pela sociogênese (Benetti,
Schneider & Meyer, 2005). De acordo com a preferência, um indivíduo
pode optar pela prática de uma modalidade esportiva. Desse modo, alguns
jovens ingressam em uma rotina de treinos intensos impostos pela modalidade a
fim de refinar habilidades, visando o alto rendimento (Azevedo & Gomes Filho, 2011). O basquetebol é uma modalidade esportiva coletiva na qual
duas equipes disputam almejando conseguir mais pontos do que a adversária. Os
pontos são obtidos quando a bola é introduzida na cesta, podendo valer um,
dois ou três pontos (Tubino,
Tubino & Garrido, 2007). As principais características do basquetebol
são: esforços intermitentes breves e intensos, movimentos coordenados de
ataque-defesa, além de inúmeros saltos e arremessos. Sendo assim, trata-se de
um esporte de grande movimentação e coordenação (Sisic, Jelicic, Pehar, Spasic &
Sekulic, 2016). Dentro da prática deste esporte, são estipuladas posições
específicas para o atleta. Cada posição possui funções distintas. Há três
posições básicas no basquetebol: armadores, laterais (ou alas) e pivôs (Ferreira & Rose, 2003). O armador
tem o perfil de ser o responsável pela organização das jogadas de ataque,
deve ser bom driblador e passador, além de ter uma visão de jogo aguçada. Os
laterais têm como principal característica arremessos de média e longa
distância, velocidade para o contra-ataque e posicionamento de rebote. Os
pivôs são os jogadores que atuam mais próximos à cesta. Portanto, devem ter
um bom aproveitamento de arremessos de curta distância e domínio pleno do
fundamento do rebote (Ferreira &
Rose, 2003). Essas posições estão relacionadas a indicadores de jogo
que caracterizam a ação de cada jogador, determinando uma função específica (Ferreira & Rose, 2003). Essas
especificidades requerem do atleta diferentes habilidades e capacitações
físicas para o desempenho de suas funções. Valências físicas como força
explosiva, velocidade, agilidade, resistência muscular, entre outras, estão
distribuídas em diferentes níveis para cada posição individual dos atletas (Raymundo et al., 2018). À
medida que o adolescente aprimora essas valências físicas, melhores escores
de desempenho podem ser alcançados (Gallahue,
2005; Lemos et al., 2017;
Phelps & Kulinna, 2015).
Contudo, ainda não está claro na literatura científica se os jogadores de
diferentes posições apresentam diferentes aptidões físicas e perfis antropométricos. No entanto, em desportos coletivos é importante obter
indicadores que apontem para as necessidades, limitações e evoluções dos
aletas durante um processo de treinamento. Nesse sentido, avaliar os diversos
componentes do treinamento desportivo em atletas de diferentes posições e
idades é necessário para o entendimento dos estímulos de treino a serem
aplicados, proporcionando maior grau de eficiência ao treinamento. Sendo
assim, o objetivo desse estudo foi comparar o perfil antropométrico e os
índices de aptidão física de atletas federados de basquetebol da categoria
sub-17 de diferentes posições. O presente estudo, observacional, decritivo, contou com
uma amostra por conveniência, composta por 16 atletas de basquete, de nível
competitivo estadual, do sexo masculino, da categoria denominada sub-17 de
acordo com a Federação de Basquete do Rio de Janeiro. Os critérios de
inclusão foram: a) estar federado na modalidade basquetebol por pelo menos
dois anos; b) ter participado do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro de
2016; e c) ter a idade comprovada da categoria que compete. O critério de
exclusão foi apresentar lesões ou desconforto muscular que pudessem
influenciar no resultado final dos testes físicos. Os procedimentos experimentais foram executados dentro das
normas éticas previstas para pesquisas envolvendo seres humanos na Resolução
nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e de acordo com a World Medical
Association Declaration of Helsinki. Desta forma, os responsáveis legais
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e os indivíduos da
amostra assinaram o termo de assentimento para participação na pesquisa
(CAAE: 06603912.6.0000.5291).
Para a caracterização da amostra, foram utilizadas as
medidas da massa corporal, através de uma balança mecânica (Filizolla®,
Brasil), e a estatura, através de um estadiômetro portátil (Seca®, Baystate
Scale & Systems, USA). Adicionalmente, calculou-se o índice de massa corporal
(IMC). O IMC foi calculado com base na massa corporal, em quilogramas,
dividido pelo quadrado da estatura, em metros (kg/m2) (Lohman, Roche & Martorell,
1988).
Os componentes de aptidão física foram os seguintes:
força-resistência abdominal, força de membros superiores, força de membros
inferiores e agilidade (Fernandes Filho,
2003; Marins &
Giannichi, 2003).
Os 16 atletas foram subdivididos de acordo com as posições
que atuam, sendo: 5 armadores, 5 laterais e 6 pivôs.
Antes da aplicação de cada um dos testes, todos os
participantes foram submetidos, durante 10 minutos, a aquecimento e
alongamento submáximo da musculatura envolvida nos testes.
Para realizar o teste de resistência abdominal, o sujeito
posicionou-se em decúbito dorsal com os joelhos flexionados a 90 graus e com
os braços cruzados sobre o tórax. O avaliador fixou os pés do participante ao
solo. Ao sinal do avaliador, o aluno iniciou os movimentos de flexão do
tronco até tocar com os cotovelos nas coxas, retornando a posição inicial. O
avaliador realizou a contagem em voz alta. O atleta realizou o maior número
de repetições completas em 1 minuto (Fernandes
Filho, 2003).
Para avaliar a força de membro superior, utilizou-se o
teste de flexão de braços. O participante precisou posicionar-se em decúbito
ventral, com as mãos apoiadas no solo, com uma distância de 10 a 20 cm a
partir da linha dos ombros, com os dedos voltados para frente. O avaliador
precisou posicionar o rosto dos participantes em um alinhamento adequado
entre o tronco e as pernas. O atleta realizou o maior número de repetições
completas em 1 minuto, podendo descansar apenas com os cotovelos em extensão,
dentro do tempo determinado (Fernandes
Filho, 2003).
Para avaliar a força de membros inferiores, foi utilizado
o teste de impulsão vertical (Sargent Jump Test). O participante deveria
estar com os dois pés paralelos e com o lado dominante do corpo voltado para
a parede. Com o pó de giz nas ponta dos dedos indicadores da mão dominante e,
com a outra, junto ao corpo, o participante procurou alcançar o ponto mais
alto possível, considerando-se os calcanhares em contato com o solo. Com uma
marca na parede com os dedos (sujos com giz) desta posição, agachou e saltou,
fazendo nova marca com os dedos na parede (mão dominante) no ponto mais alto
que conseguiu alcançar. Não foi permitido andar ou tomar distância entre a
primeira marca e a segunda, ambas registradas em centímetros (cm). Foram
permitidas três tentativas e foi considerada a maior altura atingida (Fernandes Filho, 2003).
Para avaliar a agilidade foi utilizado o teste de
agilidade de Semo(13). O avaliador demarcou previamente a área retangular de
3,60 por 5,80 m e, em cada canto do retângulo, posicionou um cone, que foram
nomeados como A, B, C e D. Com o cronômetro em mãos, o avaliador marcou o
tempo, em segundos, e observou a agilidade com que os participantes
desempenharam a atividade de mover o corpo para frente e para trás e
lateralmente dentro da área demarcada. Ao iniciar o teste, foi explicitado
que os participantes, dispostos de pé e em posição ereta, não poderiam cruzar
os membros inferiores durante a corrida lateral, e que deveriam permanecer
assim até cruzar os cones. Foi pedido que corressem de frente, lateralmente e
de costas. Ao ser dada a largada, o participante deveria correr lateralmente
do cone A até o cone B, depois de costas do cone B ao C e, depois, de frente
do C ao D (Marins &
Giannichi, 2003).
Os dados foram tratados pelo programa IBM SPSS Statistics
20, versão 20 for Windows e apresentados como média e desvio padrão. A
normalidade e a homogeneidade de variância dos dados da amostra foram
verificadas pelos testes de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. A análise
de variância One-way (ANOVA) foi utilizada para as comparações entre as
séries de exercícios, seguida do post hoc de Bonferroni para identificar as
possíveis diferenças entre as variáveis. O nível de p < 0,05 foi
considerado para a significância estatística. A Tabela 1 apresenta os valores de
média e desvio padrão dos dados antropométricos dos atletas por posição de
jogo. Foi encontrada diferença significativa entre a estatura de armadores e
pivôs (p = 0,01). Entretanto, não foram encontradas diferenças significativas
entre as demais posições nas variáveis massa corporal, estatura e IMC (p <
0,05). Tabela
1
Na Figura 1, encontra-se o
resultado do teste de resistência abdominal dos armadores, laterais e pivôs.
Os laterais apresentaram maior resistência abdominal quando comparados aos
pivôs (p= 0,048). Figura 1. Resultados dos testes de
resistência abdominal da amostra nas diferentes posições. * diferença significativa
dos testes abdominais entre laterais e pivôs (p = 0,048). Na Figura 2, está o resultado do
teste de força de membros superiores dos armadores, laterais e pivôs. Não
foram encontradas diferenças significativas entre as diferentes posições (p
< 0,05). Figura 2. Resultados do teste de
força de membros superiores da amostra nas diferentes posições. Os resultados do Sargent Jump Test está apresentado na Figura 3. Não foram encontradas diferenças significativas
entre as distintas posições da amostra (p < 0,05).
Figura 4. Resultados do teste de
agilidade da amostra nas diferentes posições. Os principais achados foram ausência de diferenças
significativas entre as posições em quadra nos testes de agilidade, de força
de membro superior e de impulsão vertical. Os alas apresentaram maior
desempenho no teste de resistência abdominal quando comparados aos pivôs.
Houve diferença significativa entre os valores de estatura dos armadores e
pivôs, sendo as maiores diferenças para os pivôs. A massa corporal dos atletas em todas as posições ficou
acima da média nacional (IBGE,
2010). A média do IMC dos armadores e pivôs encontra-se dentro da
normalidade, enquanto os laterais apresentam sobrepeso, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (WHO, 2007), que propõe
que o IMC esteja entre 18,5 e 24,9 para que o indivíduo seja considerado no
padrão normal. Acima destes valores, os indivíduos são classificados entre
sobrepeso e obeso. Abaixo destes valores, são classificados como abaixo do
peso (WHO, 2007). É
possível que a classificação do IMC dos laterais como sobrepeso esteja
relacionada à classificação quanto à obesidade, uma vez que o método não é
adequado para classificar atletas. A inclusão da aferição da massa muscular
poderia trazer informações importantes relacionadas ao desempenho, pois a
massa muscular é responsável por capacidades físicas fundamentais para o
jogo, como força, velocidade e resistência muscular. Assim sendo, a
clategorização de sobrepeso para os laterais decorre da inadequação da
classificação pelo IMC para uma amostra composta por atletas (Paiva Neto & César, 2005;
Romero-Corral et al., 2008). Houve diferença estatisticamente significativa na estatura
entre os armadores e os pivôs, sendo os pivôs maiores (p = 0,01). Entretanto,
em todas as posições, a estatura dos atletas está acima dos parâmetros
nacionais (IBGE, 2010).
Porém, segundo o Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR,
1994), os armadores e laterais estão abaixo da média de estatura, sendo
que somente os pivôs se apresentaram acima da média. Outros estudos (Boone & Bourgois, 2013; Cormery, Marcil & Bouvard,
2008; Ostojic, Mazic
& Dikic, 2006; Sallet,
Perrier, Ferret, Vitelli & Baverel; 2005) com jogadores de basquete
de elite encontraram características antropométricas semelhantes. Como na
presente pesquisa, esses estudos observaram que os pivôs eram mais altos e
mais pesados quando comparados com outras posições de jogo. A diferença da
estatura entre armadores e pivôs pode ser devido a distribuição de funções
entre as posições. Os pivôs, geralmente, são os jogadores que se encontram
mais próximos da tabela por estarem dentro do garrafão na maior parte do
tempo, portanto, jogadores de grande estatura tem prioridade para assumir
esta posição (Soares,
Mendes, Neto & Matsudo, 1986). Enquanto isso, os armadores têm a
obrigação de organizar as jogadas da equipe em quadra, posicionando-se de
frente para o jogo, mais distante da tabela. Portanto, as exigências quanto
ao índice de estatura são menores para aos armadores em relação aos pivôs (Rose Junior, Tavares &
Gitti, 2004). Essa diferença significativa de estatura entre armadores e
pivôs já era esperada devido a esses fatores descritos anteriormente. Ocorreram diferenças entre os resultados dos testes de
resistência abdominal entre os laterais e pivôs, sendo significativamente
maior o desempenho dos laterais (p = 0,048). Neste teste, armadores e
laterais foram classificados como excelentes ou acima da média. Já os pivôs
se mantiveram na média, segundo Pollock
e Wilmore (1993) e PROESP-BR (1994).
Assim, a partir dos resultados do teste de resistência abdominal, observa-se
que os laterais obtiveram os melhores resultados comparados aos armadores e
principalmente aos pivôs, onde houve maior diferença. Pode-se levantar a
hipótese que essa diferença entre laterais e pivôs se dê através da maior
permanência em quadra durante uma partida. Segundo Rose Junior et al. (2004),
os laterais ou alas são os jogadores que, dentro de uma partida, possuem
maior tempo de quadra ou maior tempo em atividade, podendo assim desenvolver
maior resistência abdominal. Porém, ainda, se comparados aos alunos da rede
pública, de projetos esportivos, os pivôs ficam muito a frente dos demais,
mesmo sendo o grupo menos resistente, de acordo com os resultados (Luguetti, Ré &
Böhme, 2010; Santos, 2006; Vitor, Uezu, Silva &
Böhme, 2008). Os resultados do teste de força de membros superiores
demonstraram que armadores e laterais ficaram acima da média, enquanto os
pivôs se mantiveram na média, de acordo com a classificação de Pollock e Wilmore (1993), contudo
sem diferença entre o grupo. Apesar de não possuir uma diferença
significativa nos resultados dos testes entre as posições, esperava-se melhor
rendimento dos pivôs, levando em consideração que todos os envolvidos são
atletas federados e participantes de competições de alto rendimento há mais
de dois anos. No teste de impulsão vertical (Sargent Jump Test),
armadores encontram-se com média 9,37 centímetros acima da média dos pivôs,
porém essa diferença não é considerada significativa. É possível que a força
de membros inferiores dos armadores em relação aos pivôs tenha influenciado
nesse resultado. O estudo de Boone e
Bourgois (2013) está em consonância com os achados do presente estudo,
uma vez que os pivôs nos teste de salto também apresentaram desempenho
absoluto significativamente menor que as demais posições (Romero-Corral et al., 2008). Os
resultados da presente pesquisa são, de certa forma, similares com estudo
realizado com 14 atletas da categoria juvenil masculino com idade média de 16
anos, onde os desempenho do salto vertical foi de 52,50 ± 7,81 cm (Santos, 2006), sabendo que são dados de todos
os atletas e não por posição. Esse desempenho de fato varia bastante,
considerando que 45,8 ± 8,4 cm foi o desempenho do salto vertical em estudo
realizado em atletas que disputavam o campeonato Paulista na mesma faixa
etária (Moreira et al.,
2008). Uma das hipóteses para essa variação é o direcionamento do
treinamento, que pode conter, ou não, o treinamento de impulsão vertical. Não foi encontrada diferença significativa entre as médias
de armadores, laterais e pivôs no teste de agilidade. Porém, o estudo de Lima (2011) demonstrou que o mesmo teste, aplicado
com atletas mais novos (13 a 14 anos de idade), obtiveram uma média
semelhante, de 12,59 segundos para o sexo masculino, enquanto os armadores
pesquisados no atual estudo obtiveram uma média de 11,62 segundos. Deve-se
levar em consideração que os participantes da pesquisa de Lima (2011) tiveram mais de uma tentativa ao
realizar o teste. Isso não aconteceu no presente estudo, o que pode ter
influenciado diretamente nos resultados.
Enfatiza-se, como pontos fortes da presente pesquisa, o
rigor metodológico e o fato de a mesma equipe de coleta de dados ter atuado
durante as avaliações como pontos positivos que aumentam a credibilidade dos
resultados do presente estudo. Além disso, os testes e procedimentos adotados
na presente pesquisa podem ser facilmente aplicados com baixo custo em
academias e centros de treinamento. Essas condições são essenciais para
melhorar o desempenho e o desenvolvimento de atletas de basquete,
especialmente em países com baixo nível de investimentos financeiros. O presente estudo apresentou certas limitações que podem
ter influenciado os resultados encontrados. O tamanho da amostra é
considerado pequeno, o que pode limitar a validação externa dos achados da
pesquisa. No entanto, os atletas de basquetebol avaliados neste estudo
participaram em competições de alto nível durante pelo menos dois anos. Outra
limitação que pode ser registrada é o uso de um único clube de basquete na
categoria sub-17, e não houve presença de um grupo controle. Devido a esses
fatores limitantes, sugere-se cautela na interpretação dos resultados do
estudo. Os resultados do presente estudo apontaram uma maior
estatura dos pivôs comparados aos armadores, e o grupo dos pivôs apresentou
menor resistência abdominal comparado aos laterais. Nos testes de agilidade e
de impulsão vertical não foram encontradas diferenças significativas entre os
grupos. Esses resultados podem nortear a elaboração dos treinamentos dos
atletas de basquete nesta categoria a fim de melhor sintetizar os objetivos
de cada posição. Porém, é nítida a necessidade de maiores estudos para
aprimoramento do assunto, podendo incluir variações de faixas etárias e
aplicação de mais instrumentos em relação à aptidão física.
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