Revista Ciencias de la Actividad Física UCM. N° 20(2), julio-diciembre 2019. ISSN: 0719-4013
Efeito do treinamento pliométrico e isométrico na força explosiva de atletas de handebol
RESUMO A pliometria utiliza a capacidade reativa do sistema neuromuscular para aumentar a potência do movimento partindo de uma contração excêntrica para uma concêntrica. A isometria refere-se a uma modalidade estática de treinamento, ou seja, não há alteração no comprimento da fibra muscular. O handebol é uma modalidade esportiva coletiva que envolve uma grande quantidade e variedade de movimentação associada à manipulação de bola e interação com outros atletas. Em termos de movimentação, o handebol pode ser considerado um esporte completo, pois utiliza uma rica combinação das habilidades motoras fundamentais e “naturais” do repertório motor do ser humano. O objetivo da pesquisa é analisar a influência de 4 semanas de treinamento pliométrico e isométrico na força explosiva de jovens atletas de handebol. A amostra contou com 10 mulheres, com média de idade de 16,1 ± 0,56 anos, praticantes de handebol há pelo menos três meses. O protocolo de avaliação utilizado foi: salto horizontal (SH) para mensurar força explosiva de membro inferior. As meninas foram divididas em dois grupos estatisticamente iguais, o grupo pliométrico (GP) e o isométrico (GI). Os dados foram analisados através de teste-t pareado e Effect Size (magnitude de efeito), além do manual Proesp. Inicialmente os testes apresentaram os seguintes resultados: o GP mostrou 1,32 ± 0,13m no SH e o GI 1,41 ± 0,10m. Após quatro semanas de treinamento foram refeitos os testes e o GP evidenciou 1,37 ± 0,08m no SH e o GI 1,43 ± 0,09m. Estatisticamente as mudanças não se apresentaram significativas, a magnitude do efeito os resultados de força explosiva de membros inferiores mostraram-se superficiais. Conclui-se então que apesar de estatisticamente insignificantes, ambos os métodos apresentam pequena evolução na força explosiva de membros inferiores, e cabe analisar maior tempo dos métodos nesses ganhos e também analisar uma proposta concomitante entre ambos os métodos Palavras-chave Força, Pliometria, Isometria, Membros Inferioires. ABSTRACT Plyometrics uses the reactive capacity of the neuromuscular system to increase the power of movement from an eccentric to a concentric contraction. Isometry refers to a static mode of training, ie there is no change in muscle fiber length. Handball is a collective sport that involves a large amount and variety of movement associated with ball manipulation and interaction with other athletes. In terms of movement, handball can be considered a complete sport because it uses a rich combination of fundamental and "natural" motor skills of the human motor repertoire. The aim of this research is to analyze the influence of a 4 week plyometric and isometric training on the explosive strength of young handball athletes. The sample consisted of 10 women, with an average age of 16.1 ± 0.56 years, who had been practicing handball for at least three months. The evaluation protocol used was: horizontal jump (HS) to measure lower limb explosive strength. The girls were divided into two statistically equal groups, the plyometric group (GP) and the isometric group (GI). Data were analyzed using paired t-test and Effect Size, as well as the Proesp manual. Initially the tests presented the following results: GP showed 1.32 ± 0.13m in HS and GI 1.41 ± 0.10m. After four weeks of training, the tests were redone and the GP showed 1.37 ± 0.08m in HS and the GI 1.43 ± 0.09m. Statistically the changes were not significant, the magnitude of the effect and the lower explosive strength results were superficial. It is concluded that, although statistically insignificant, both methods present little evolution in the explosive force of lower limbs, and it is necessary to further analyze the methods in these gains and also to analyze the concurrent proposal between both methods. Key words Strength, Plyometrics, Isometry, Inferior limbs. RESUMEN La pliometría utiliza la capacidad reactiva del sistema neuromuscular para aumentar el poder de movimiento de una contracción excéntrica a una concéntrica. La isometría se refiere a un modo estático de entrenamiento, es decir, no hay cambios en la longitud de la fibra muscular. El balonmano es un deporte colectivo que involucra una gran cantidad y variedad de movimientos asociados con la manipulación del balón y la interacción con otros atletas. En términos de movimiento, el balonmano puede considerarse un deporte completo porque utiliza una rica combinación de las habilidades motoras fundamentales y "naturales" del repertorio motor humano. El objetivo de esta investigación es analizar la influencia de 4 semanas de entrenamiento pliométrico e isométrico en la fuerza explosiva de los jóvenes atletas de balonmano. La muestra consistió en 10 mujeres, con una edad promedio de 16.1 ± 0.56 años, que habían practicado balonmano durante al menos tres meses. El protocolo de evaluación utilizado fue: salto horizontal (HS) para medir la fuerza explosiva de la extremidad inferior. Las niñas se dividieron en dos grupos estadísticamente iguales, el grupo pliométrico (GP) y el grupo isométrico (GI). Los datos se analizaron usando la prueba t pareada y el Tamaño del efecto, así como el manual Proesp. Inicialmente, las pruebas presentaron los siguientes resultados: GP mostró 1.32 ± 0.13m en HS y GI 1.41 ± 0.10m. Después de cuatro semanas de entrenamiento, las pruebas se rehicieron y el GP mostró 1.37 ± 0.08m en HS y el GI 1.43 ± 0.09m. Estadísticamente, los cambios no fueron significativos, la magnitud del efecto y los resultados de menor fuerza explosiva fueron superficiales. Se concluye que, aunque estadísticamente insignificante, ambos métodos presentan poca evolución en la fuerza explosiva de las extremidades inferiores, y es necesario analizar un mayor tiempo de los métodos en estas ganancias y también analizar una propuesta concurrente entre ambos métodos. Palabras clave Fuerza, pliometría, isometría, extremidades inferiores. * Laboratório de Biociência e Motricidade Humana de Roraima. Boa Vista, Brasil. ** Centro Universitário Internacional - UNINTER. Boa Vista, Brasil. *** Instituto Federal de Roraima - IFRR. Boa Vista, Brasil.
Faigenbaum et al. (2005) diz que o treinamento resistido refere-se a um método especializado de condicionamento, pelo qual o aluno/atleta trabalha contra cargas resistivas para melhorar a saúde, a aptidão e o desempenho. Lloyd et al. (2014) explana que as formas de treinamento de resistência incluem o uso de peso corporal, aparelhos de musculação, pesos livres, elásticos e bolas medicinais.
Pesquisas indicaram que várias formas de treinamento resistido podem provocar melhorias significativas em várias vertentes Behringer et al. (2011) apontam benefícios no desempenho da força muscular, Faigenbaum et al. (2005) e Sander et al. (2013) na produção de força, Mikkola et al. (2007) na velocidade de corrida, Thomas, French e Hayes (2009) na agilidade e Behringer et al. (2011) desempenho geral motor na juventude.
Do ponto de vista da saúde, Schwingshandl et al. (1999) indica que o treinamento resistido pode fazer alterações positivas na composição corporal geral, Benson, Torode & Fiatarone Singh (2008) e Watts, Beye e Siafarikas (2004) demonstram redução na gordura corporal, Shaibi et al. (2006) mostram melhora na sensibilidade à insulina em adolescentes com excesso de peso e Naylor et al. (2008) melhora na função cardíaca em crianças obesas.
É importante ressaltar que de acordo com Álvarez-San Emeterio et al. (2011) e Bass (2000) também foi demonstrado que a participação regular em um programa de exercícios adequadamente projetado, incluindo treinamento de resistência, pode melhorar a densidade mineral óssea e melhorar a saúde esquelética e segundo Myer et al. (2011) e Valovich-McLeod et al. (2011) provavelmente reduzir o risco de lesões esportivas em jovens atletas.
Boa parte das modalidades esportivas utilizam elementos da força que é um elemento biomotor, que pode ser associado a resistência, flexibilidade, coordenação e velocidade para gerar variáveis que são de fundamental importância para o desenvolvimento esportivo. A potência é a capacidade de realizar uma ação vigorosa no menor tempo possível (como uma corrida na quadra em busca de um contra-ataque), e se dá pela associação de força + velocidade (Bompa, 2001).
O
Handebol tem como necessidade biomotora a força de lançamento, força de
aceleração e desaceleração. A força de lançamento é a força empregada
em oposição a um implemento, para o handebol uma das principais ações
relacionadas a esse elemento é o arremesso da bola. A força de
aceleração refere-se a conseguir uma alta velocidade, dependendo da
rapidez da contração muscular, como nas situações de contra-ataque. E a
força de desaceleração está presente em esportes que o indivíduo deve
correr rapidamente e constantemente mudar de direção, observado durante
a necessidade repentina de voltar para a defesa, ou a perda da posse de
bola entre outras situações. A aceleração e desaceleração exigem muita
força nos membros inferiores e superiores, em especial pernas e ombros.
O
treinamento pliométrico é muito eficaz para o aumento de força e
potência, ela utiliza a capacidade de reação do sistema neuromuscular
para aumentar os ganhos na potência, partindo de uma contração
excêntrica para uma concêntrica, essa característica de potência se dá
pelo treinamento do Ciclo Alongamento-Encurtamento (CAE) (Verkhoshanski, 1996).
O CAE se fundamenta no conceito de termos propriedades elásticas no
músculo e que esse arcabouço é capaz tem capacidade de juntar energia
elástica vinda de uma atividade muscular excêntrica (Bosco, et al.,
1982). Para uma melhor explicação do CAE, existem os modelos mecânico e
neuro físico. No modelo mecânico a energia elástica é produzida nos
músculos e tendões e guardada como resultado de um alongamento rápido (Asmussen & Bonde-Petersen, 1974; Bosco, et al., 1982; Hill, 1970).
Essa energia é liberada quando o alongamento é seguido instantaneamente
por uma ação de contração muscular. No modelo neuro físico quando um
alongamento em alta velocidade é notado nos músculos, uma resposta
automática e defendente acontece para evitar uma exorbitância de
alongamento muscular, que provocaria uma lesão. Essa resposta é chamada
de reflexo de estiramento. O reflexo eleva a atividade dos músculos
resignados a uma atividade excêntrica, o que possibilita que ele
trabalhe com uma maior demanda de força, resultando em um poderoso
efeito de freio e em uma ação concêntrica potente (Komi, 1992;
Bosco, et al., 1982). O objetivo do treino de pliometria é diminuir o
tempo entre o final da contração muscular excêntrica e o início da
contração concêntrica. Este tipo de treino visa conferir a capacidade
de treinar padrões de movimento específicos biomecanicamente corretos,
fortalecendo o músculo, o tendão e o ligamento de forma mais funcional (Ruivo, Pinheiro & A. Ruivo, 2018).
Modelo Isométrico
Modelo Pliométrico
Tabela 1
Comparação Entre AV1 e AV2 com magnitude de efeito. Legenda: AV = Avaliação; ∆% = Delta Percentual de AV2-AV1; ES = Effect Size; GP = Grupo Pliométrico; GI = Grupo Isométrico; AV1 = Avaliação antes do início do programa; AV2 = Avaliação após 4 semanas de treinamento.
Hewett et al. (1999), Myklebust et al. (2003), Myer et al. (2005), Myer et al. (2011), e Faigenbaum et al. (2011) a participação regular em um programa de treinamento de resistência multifacetado também pode induzir medidas um aumento natural da força muscular, força e coordenação que ocorre com o aumento da idade em adolescentes meninos, que normalmente não são vistos em mulheres, além de reduzir lesões no joelho em atletas adolescentes e mulheres adultas.
Myer
et al. (2005) e Hewett et al. (2005) afirmam que o interesse para os
profissionais de medicina esportiva, o treinamento resistido com
crescimento e desenvolvimento pode induzir o surto neuromuscular
desejado, o que pode melhorar o desempenho esportivo e a biomecânica
relacionada ao risco de lesões em mulheres jovens. Myer et al. (2005),
Ford et al. (2005), Hewett et al. (2006), Kraemer et al. (2001) e
Quatman et al. (2006) mostram que os ganhos relativos observados em
mulheres podem ser maiores do que em homens, talvez porque os níveis
basais de desempenho neuromuscular sejam mais baixos, em média, no sexo
feminino.
Muitos
estudos vêm apresentando os exercícios pliométrico como melhorador de
desempenho no salto vertical, horizontal, corridas de velocidade e
ciclismo (Wilson, et al., 1993, Fatouros, et al., 2000, Potteiger, et
al., 1999, Rimmer e Sleivert, 2000). A utilização em atletas treinados
de futebol e basquete também apresentou resultados positivos quando se
fala em melhora do desempenho (Matavulj, et al., 2001, Diallo, et al.,
2001). Flores et al. (2015) analisou a pliometria, com 9 jogadoras de
vôlei, apresentando benefícios significativos nas variáveis
biomecânicas de salto, em uma periodização de 60 minutos, duas vezes
por semana, durante sete semanas. No handebol os dados não apresentaram
diferença estatística, mas numericamente apresentaram uma evolução,
isso pode ser levado em consideração devido ao baixo número de semanas
do treinamento, podendo apresentar melhores diferenças se treinado por
mais tempo, como em um estudo que constatou aumento nas fibras de tipo
I e II do vasto lateral, após oito semanas de treinamento, o que
ocasionou aumento da potência (Potteiger, et al., 1999). Além disso,
Rossi & Brandalize (2007) aponta que a pliometria, além de
importante instrumento na reabilitação de lesões, é ainda, efetiva na
prevenção destas, pois um bom controle motor atua como um mecanismo
protetor capaz de ativar as vias de estabilização reflexas, mecanismos
de antecipação, ocasionando uma resposta motora mais veloz diante de
forças ou traumas inesperados.
O treinamento isométrico é quando o musculo é ativado e produz força, mas não apresenta movimento (Fleck & Kraemer, 2017). Isso pode ser mantido com um peso estacionário ou uma carga maior que a suportável, visando o princípio da especificidade, se o indivíduo treina de maneira isométrica e faz um teste estático um grande aumento de força pode ser encontrado, isso é o princípio da especificidade. O ganho de força semanal no treinamento isométrico é de 5%, porém esse ganho é no ângulo treinado (Hettinger & Muller, 1953). A isometria pode provocar ganhos de força estático que podem ser substanciais e variáveis ao longo do período de treinamento de curta duração (Fleck & Schutt, 1983). Analisando os resultados obtidos nesse trabalho, houve um relativo aumento na potência dos indivíduos (+4,56% para membro superior e +1,56% para membro inferior), apesar da proposta de treinamento estático, esse acréscimo na potência pode-se dar pelo aumento da força proposto pelo método. Essa ideia contrapõe-se a (Teixeira & Guedes, 2016) que afirmam que a isometria não apresenta característica funcional para o esporte, contudo a associação desse treino com o da modalidade específica pode ter ocasionado os ganhos pois em um estudo com universitárias apontou que o treino específico de corrida não atrapalhou no desempenho da força de membros superiores e tronco (Raddi, et al., 2008), isso nos leva a adotar o uso do treinamento isométrico concomitante ao da modalidade específica como mais uma opção na periodização. Exercícios para estabilidade do core são fundamentais para todo tipo de atletas, os músculos do core são fortemente trabalhados com a força estática devido aos ganhos de força no ângulo trabalhado (Contreras, 2016). Um estudo que apresentou aumento da potência de lutadores de judô com o treinamento isométrico (Campos, et al., 2018), outro estudo o treinamento muscular isométrico apresentou maior ganho na taxa de força em relação ao isocinético concêntrico (Corvino, et al., 2009).
A dissertação de mestrado de Soares (2018) que comparou diversas variáveis, dentre elas a potência de membros inferiores através do teste de salto horizontal mostrou que houve, após 8 semanas da aplicação dos métodos de treinamento, um aumento na distância nos três grupos analisados, sendo 3,0% no grupo pliométrico, 10,6% no grupo isométrico e 5,5% no grupo isotônico.
Pouco
se aborda sobre a relação isometria e potência, porém deve-se começar a
analisar a adição dessa modalidade de treino somado a outras, visto que
a ciência aponta um exponencial ganho de força, como supracitado, então
combinar momentos de isometria seguido de momentos de velocidade,
pliometria, agilidade ou características específicas da modalidade pode
apresentar mudanças significativas.
CONCLUSÃO
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Graduado em Educação Física Laboratório de Biociência e Motricidade Humana de Roraima. Boa Vista, Brasil. Rua amapa, 709, Bairro dos estados, CEP: 69.305-520, Boa Vista – RR. Brasil. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-7449-0116 Contacto: joaovictoralecrim73@gmail.com Recibido: 07-05-2019 Aceptado: 09-12-2019
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